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- Armando Dourado -
Olhão é uma localidade recente, onde no séc. XVIII ainda abundavam as barracas (só em 1715 permitiram a construção da primeira habitação em alvenaria) e, por isso, não tem edifícios muito antigos nem de grande valor patrimonial.
No entanto, o conjunto "cubista" pela
sua originalidade histórica - não foi herança da ocupação árabe - e pela
sua originalidade estética, tem um grande valor patrimonial. A arquitectura "cubista" foram termos encontrados para definir as típicas casas de Olhão, atendendo ao aspecto de aglomerados cúbicos mais ou menos organizado ou caótico que as suas casas assumem nos bairros mais populares em Olhão, com especial destaque para o: Bairro da Barreta e o Bairro do Levante. Segundo alguns teria sido Roberto Nobre (pintor e jornalista, nascido em S. Brás de Alportel em 1903, mas a viver em Olhão desde novo) que se lembrou de chamar a Olhão, "Vila Cubista", pela semelhança em relação à localidade de Ebro, pintada várias vezes por Picasso (criador do movimento artístico do Cubismo). No entanto, segundo outros, teria sido um seu amigo e também intelectual e pintor são-brasense a viver em Olhão - José Dias Sancho (genro de João Lúcio) - o inventor do termo.
Esta é a mensagem que um pintor inglês actualmente a residir em Olhão - Piers de Laszlo - dá quando investe na reconstrução de casas em Olhão e as aluga a turistas diferenciados. Esta é também a mensagem de Francisco Fernandes Lopes que, na primeira metade do séc. XX fazia de cicerone a tantos estrangeiros cultos que aqui o vinham visitar, e mostrava a sua terra, a vila "cubista", a mais mourisca da Europa, como ele dizia, com as suas açoteias, mirantes e pangaios, que só existiam no norte de África e em Olhão. |